Uma casa vazia...
"...Mas a minha mente boquiaberta precisa, mesmo deserta, aprender... Aprender a soletrar."
quarta-feira, 9 de março de 2011
Minha carne é de carnaval, meu coração é igual...
De mulher para mulheres... Mas para homens muito mais:
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
Cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
Às vezes parece erva, parece hera
Cuidado com essa gente que gera
Essa gente que se metamorfoseia
Metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
E ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
Mas é outro lugar, aí é que está:
Cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita..
Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
Que vai cair no mesmo planeta panela.
Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
Transforma fato em elemento
A tudo refoga, ferve, frita
Ainda sangra tudo no próximo mês.
Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
É que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga
É que tô falando na "vera"
Conheço cada uma, além de ser uma delas.
Você que saiu da fresta dela
Delicada força quando voltar a ela.
Não vá sem ser convidado
Ou sem os devidos cortejos..
Às vezes pela ponte de um beijo
Já se alcança a "cidade secreta"
A atlântida perdida.
Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
Cai na condição de ser displicente
Diante da própria serpente
Ela é uma cobra de avental
Não despreze a meditação doméstica
É da poeira do cotidiano
Que a mulher extrai filosofando
Cozinhando, costurando e você chega com mão no bolso
Julgando a arte do almoço: eca!...
Você que não sabe onde está sua cueca?
Ah, meu cão desejado
Tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
Então esquece de morder devagar
Esquece de saber curtir, dividir.
E aí quando quer agredir
Chama de vaca e galinha.
São duas dignas vizinhas do mundo daqui!
O que você tem pra falar de vaca?
O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
Vaca é sua mãe. de leite.
Vaca e galinha...
Ora, não ofende. enaltece, elogia:
Comparando rainha com rainha
Óvulo, ovo e leite
Pensando que está agredindo
Que tá falando palavrão imundo.
Tá, não, homem.
Tá citando o princípio do mundo!
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
E ela vem chegando...
Sentiu seu corpo seduzir outro. A mulher apareceu numa leveza que nenhuma palavra se arrisca a descrever. Ela veio dançando, sorrindo, brincando, mas sem perder a novidade da brejeirice na meninice. Fitou uma guia de Ogum... Aquilo de fé lhe chamou atenção. Será porque não tinha muita? Pôs-se a crer naquele instante. Resistiu ao seu próprio poder, mas não segurou a onda... Permitiu-se gozar nos olhares de querer. Quis e teve. A pele, o cheiro, a boca, o corpo. Teve tudo que se quis. Se há de querer e de ter amor é o tempo que dirá. Mas o tempo já lhe ensinou a ser mulher. E vejam só! Olha ela ai vivendo e sentindo a vida acontecer sem pressa e sem medo.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
(Saul Bellow)
Nesse belo e eterno confronto aprendo que sou de carne e osso. Graças a Deus! Muito mais, infinitamente mais do que a soma das partes. Um dia há de se conviver respeitando os seus espaços e sendo felizes. É... felizes acho que não! Mas compreensíveis talvez.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
E foi numa dessas que ela chorou. Chorou ao se dar conta da imensurável dor das quedas. Paradoxalmente, aquelas lágrimas também eram de uma estranha alegria... Surgiu então em seu pensamento uma conclusão inesperada: “é... agora eu posso me ver!”. Essa possibilidade também a fez ser vista como nunca antes.
Em alguns momentos no decorrer da sua história meio apagada, ela se esbarrou em oportunidades parecidas como aquela, mas, de fato, nunca sentira aquela coragem de forma tão consciente como naquele dia. Agora era ela uma mulher cuidando de sua criança ferida... E podia ver isso.
Nessa de pensações e sensações, um frio arrepiou os seus pelos porque foi percebido que até então, não se tinha lugar. Os lugares que se ia, sempre e inexoravelmente eram os que permitiam a ela – e que ela ia sem pestanejar. Assim, consequentemente havia ali uma omissão de responsabilidade em impor-se como ela essencialmente era. Uma responsabilidade sobre si mesma.
Hoje ela caminhou e caminha bastante, apesar de nela (de) morar ainda uma amarga culpa. Ainda precisa aprender a se perdoar, a se aceitar também em seus erros... Desafrouxar carinhosamente, afetuosamente os seus laços, sentindo os seus mais tenros nós. E assim poder ser mais livre.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Sereu.
E é nesse fogo que venho colocando minha mão. E nesse temor de ser capaz, tenho sido. Surpreendente como não me conheciam. Mas também eu não conhecia a mim então quem mais poderia? Não é mesmo?! (a la Regininha!). Agora eu sigo. Respiro fundo... Não seguro mais meu lado sombrio. Resolvi deixar sair! Minha máscara de boazinha anda indo embora e tenho percebido que não preciso mais dela. Posso ser má de vez em quando, dizer não quando em vez... E ainda sim, ser amada até por mim. Serei boa quando isso for real. E só assim. Quando o coração pedir, quando eu sentir que é pra ser. De resto, danem-se. Serei o meu samba, o meu medo de raio, meus vestidos curtos, minha desatenção, meu choro desatado, minha cara distraída, meu riso desmedido, meus amigos, minhas incertezas e meus calundus. Serei a minha própria cachaça.
Só assim eu posso estar nesse lugar que chamam de mundo. Com licença, por favor... Eu quero entrar! Entrei. E quem quiser também, puxa o banco que a casa é grande e é toda nossa.