sexta-feira, 13 de novembro de 2009



Ainda que muito difícil, ela não paralisou mais ao se mostrar. Ser desnudada assim tão subitamente, não lhe é de costume. Mas assim a vida fez, só pra lhe mostrar mais uma vez, que arriscar é preciso, mesmo que para isso, ela necessite penosamente, cair infinitas vezes para seguir de maneira mais firme.
E foi numa dessas que ela chorou. Chorou ao se dar conta da imensurável dor das quedas. Paradoxalmente, aquelas lágrimas também eram de uma estranha alegria... Surgiu então em seu pensamento uma conclusão inesperada: “é... agora eu posso me ver!”. Essa possibilidade também a fez ser vista como nunca antes.
Em alguns momentos no decorrer da sua história meio apagada, ela se esbarrou em oportunidades parecidas como aquela, mas, de fato, nunca sentira aquela coragem de forma tão consciente como naquele dia. Agora era ela uma mulher cuidando de sua criança ferida... E podia ver isso.
Nessa de pensações e sensações, um frio arrepiou os seus pelos porque foi percebido que até então, não se tinha lugar. Os lugares que se ia, sempre e inexoravelmente eram os que permitiam a ela – e que ela ia sem pestanejar. Assim, consequentemente havia ali uma omissão de responsabilidade em impor-se como ela essencialmente era. Uma responsabilidade sobre si mesma.
Hoje ela caminhou e caminha bastante, apesar de nela (de) morar ainda uma amarga culpa. Ainda precisa aprender a se perdoar, a se aceitar também em seus erros... Desafrouxar carinhosamente, afetuosamente os seus laços, sentindo os seus mais tenros nós. E assim poder ser mais livre.

Um comentário:

  1. Não há outra opção. Para ser livre é preciso não ter culpa. Não do que se perdoar.
    Beijos, frô!

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